Saci
Era raro um momento de alegria para um menino negro. Seus pais trabalhavam dia e noite sem fim, ele também era escravo e desde que se lembra serve aos brancos. Mas arranjava tempo pra ter um pouco de felicidade. Ainda que as custas dos outros. Trançar as crianças dos cavalos, dar nó nos pelos do rabo fazendo dois cavalos ficarem amarrados, ensinar o cachorro a pular com as patas lameadas na sinhazinha, roubar coisas e se divertir vendo a pessoa doida procurando o que tinha acabado de guardar. As brincadeiras beiravam a maldade, mas nem sabia o que era isso direito. Tinha uma leve noção do que sua Iya tinha ensino no raro tempo livre, mas era divertido, e nunca era possível rir de outra coisa. Sua última brincadeira pode ter sido demais, a filha mais nova do fazendeiro tinha caído da égua assustada com a cobra falsa que ele tinha colocado no chão. Enquanto corria, fugindo da cena do crime, mas mesmo assim sabendo que o chicote lamberia a sua pele aquela noite, ele ainda sorria. Brinc